Estudo revela que coronavírus pode causar danos neurológicos a médio prazo

Estudo revela que coronavírus pode causar danos neurológicos a médio prazo

Responsável pela pandemia de covid-19, o novo coronavírus pode atacar também o sistema nervoso central causando problemas neurológicos graves a médio e longo prazo, como Alzheimer.

O alerta foi feito em um artigo publicado nesta terça-feira dia 21 na revista Trends in Neuroscience (do grupo Cell), e assinado por cientistas brasileiros.

Como a síndrome respiratória aguda é a principal característica das manifestações graves de covid-19, a grande maioria dos estudos iniciais sobre a doença teve como foco o seu impacto no sistema respiratório.

No entanto, aponta o trabalho, já existem evidências importantes sugerindo que o Sars-CoV-2 também infecta outros órgãos e pode afetar diferentes sistemas, dentre eles o nervoso.

"As descobertas emergentes indicam que, além do sistema respiratório, outros sistemas, incluindo o sistema nervoso central, podem ser afetados em pacientes com covid-19", afirmou Jorge Moll, da UFRJ e presidente do conselho do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (Idor), um dos autores do artigo.

Em um levantamento feito a partir de diversos estudos, os cientistas mostram que as doenças cerebrovasculares estão entre as comorbidades de pacientes que testaram positivo para a covid-19 e desenvolveram complicações respiratórias graves. Um dos estudos, cita o artigo, relata casos de isquemia em 20% de 113 pacientes mortos por covid-19. Outro estudo avaliou 214 pacientes na China e concluiu que 36% deles tiveram alguma manifestação neurológica.

"Alterações neurológicas e da imagem cerebral, incluindo encefalite, foram descritas em pacientes com covid-19", confirma a diretora-presidente do Idor, Fernanda Tovar-Moll, que também assina o artigo.

O artigo lembra ainda que a conexão entre infecções virais e patologias do sistema nervoso central não é exatamente uma novidade e que as observações feitas dos casos de covid-19 são semelhantes às notadas em casos de infecção por outros coronavírus, como Sars e Mers.

Os autores notam, no entanto, que novos estudos ainda são necessários no caso específico da covid-19. Pesquisador da Queens University, no Canadá, o brasileiro Douglas Munoz, também assina o artigo.

Ele lembra que, dada a dimensão global da pandemia atual, é necessário considerar desde já os possíveis impactos a longo prazo da covid-19 no cérebro.

"Ressaltamos a importância de acompanhar os pacientes com covid-19 nos próximos anos, pois a infecção por Sars-CoV-2 pode favorecer ou aumentar a suscetibilidade ao desenvolvimento de doenças como Alzheimer e outros distúrbios neurodegenerativos ou neurológicos", concluiu Fernanda de Felice, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, que também assina o artigo.

 

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Última modificação em Terça, 21/04/2020

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